O DISCURSO INCÔMODO DE BOLSONARO


Sobre a nota da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), e deixando claro que não estou defendendo ou discordando do discurso do presidente mas esclarecendo alguns pontos:

1. Ele não disse que era uma "gripezinha", um "resfriadinho". Disse, em tom irônico e num contexto específico (e eu concordo que a ironia nesse momento deixa alguma dúvida quanto à seriedade do que se diz na totalidade)que para ele, uma pessoa atlética, os efeitos no organismo seriam os de um resfriado.

O presidente usou o discurso para esclarecer os brasileiros sobre as medidas tomadas, mas também para cutucar os seus adversários  implacáveis:  a rede Globo, o PT, a extrema imprensa e os governadores do Nordeste. Esta sim, uma guerra que ñ interessa a ninguém.

2.  O presidente não disse que a evolução mais grave da doença estava "apenas" relacionada com o frio europeu e sim tentou mostrar que o nosso clima nos favorecia e que a evolução da doença no Brasil poderia se revelar diferente do que ocorreu na Itália por termos um clima tropical e menor densidade demográfica. É certo que temos estados com cerca de 525 habitantes por km2. Nestes o isolamento social, em tese, deveria ser maior. A Bahia tem densidade de  27,17.

3. O isolamento social é imprescindível para a população com mais de 60 anos, para os imunodeprimidos e para os que tenham outras doenças disgnosticadas, que favoreçam um quadro mais grave da Coivid-19. Também concordamos que devem ser fechados os bares, locais de entretenimento e estabelecimentos que favoreçam a aglomeração de pessoas, deixando apenas os que prestam serviços essenciais.

4. Houve, sim,  um exagero da parte de alguns governadores, que insistem em ignorar o impacto logístico e econômico das medidas propostas. Fornecedores de água e gás, de comida, de remédios, de insumos como soro, água, oxigênio, produtos de limpeza, serviços de manutenção de softwares, hardwares, combustível,etc.
Tudo precisa de embalagens e transportes. Sem isso não tem como combater a doença ou manter as pessoas em casa. E como fica a questão dos produtores rurais sem ter como escoar a produção, sem compradores?

Ao criar barreiras sanitárias e adotar medidas extremas, usando a crise para fazer politica,  se mostram, eles sim, irresponsáveis.

Converso todos os dias com amigos que moram em diferentes partes do mundo, especialmente da Europa e eles me dizem que todas essas medidas adotadas lá, inclusive o isolamento social da população como um todo, independente da faixa etária ou da condição de saúde, ñ deu muito resultado (alguns com extensão teritorial menor que estados brasileiros).

Nào sou contra o isolamento social. Eu mesma estou em casa. Apavorada, confesso. Entrando em pânico algumas vezes. Mas acho que o trabalhador que tem emprego deve trabalhar e ter a sua proteção garantida pelo patrão com o uso das medidas recomendados (distanciamento de 1m, máscara, álcool gel...).

Querer "demonizar" o PR agora ñ vai ajudar o país a enfrentar a crise.

Até porque ele ñ escreve seus dicursos, talvez exageradamente debochados. Pode estar sendo vítima de um assessor equivocado , como aquele que inventou o "Agulhão".

Por Mara Magalhães

Comentários

  1. Não vi incômodo, achei que foi uma DIRETA mesmo, não é a primeira vez que ele fala da gripezinha. 🙂

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